Alexandre de Moraes dobra a aposta contra Trump e Elon Musk
Ministro do STF, Alexandre de Moraes multa o X de Musk no mesmo dia em que Trump entra com ação nos EUA, indicando que não pretende recuar
No mesmo dia em que se tornou alvo de processo nos Estados Unidos movido pelo grupo de Donald Trump, o ministro Alexandre de Moraes (STF) determinou multa de R$ 8,1 milhões à rede social X, de Elon Musk, que na Casa Branca é braço direito do presidente norte-americano. Além da data, outros detalhes chamam a atenção na reação do magistrado.
Ao processar Alexandre de Moraes, a empresa de Trump o acusou de promover “censura” ao ordenar o bloqueio do perfil do militante bolsonarista Allan dos Santos. O ministro, por sua vez, aplicou a sanção milionária alegando que o X não forneceu os dados cadastrais de Allan dos Santos. Foragido da Justiça brasileira, Allan dos Santos vive atualmente em solo norte-americano.
Há mais curiosidades nesse round. A ação do grupo de Trump foi movida em conjunto com a plataforma de vídeos Rumble. Também na quarta-feira (19/2), Moraes deu 48 horas para que a Rumble indique representante legal no Brasil. Caso não cumpra a ordem, a plataforma pode ser banida do Brasil.
Com os movimentos, Moraes dobra a aposta contra Trump e Elon Musk, bilionário dono do X e atual secretário de Eficiência Governamental dos Estados Unidos. A reação é um indicativo de que o magistrado do STF não recuará nas determinações de bloqueio de contas de pessoas investigadas no inquérito das milícias digitais. E, mais do que isso, reforçam o ímpeto de Moraes de avançar na questão.
A punição ao X foi aplicada no âmbito do processo contra Allan dos Santos. Em julho do ano passado, Moraes determinou que a plataforma digital apresentasse os dados cadastrais do perfil vinculado ao jornalista, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. A rede social de Elon Musk respondeu que “as operadoras do X não coletam dados cadastrais”.
Dessa forma, na quarta-feira (19/2), ao mesmo tempo que as informações sobre a ação de Trump na Justiça americana eram divulgadas, o ministro assinou a ordem para que a X Brasil fosse intimada, por meio de seus advogados, a efetuar “o imediato pagamento integral da multa imposta em razão do descumprimento das decisões judiciais, no valor de R$ 8.100.000,00 (oito milhões e cem mil reais)”.
Moraes x Trump e Rumble
Encampada pela Trump Media Technology Group Corp (TMTG) e pela plataforma de vídeo Rumble, a ação contra Moraes nos EUA acusa o ministro de atentar contra a liberdade de expressão e extrapolar sua jurisprudência ao obrigar empresas com sede nos EUA a proceder ao bloqueio dos perfis.
“Este processo questiona se um tribunal estrangeiro pode obrigar as plataformas dos EUA a remover conteúdo que permanece legal sob a lei dos EUA. Ele levanta questões críticas sobre jurisdição e liberdade de expressão – se for permitido, pode abrir um precedente para governos estrangeiros influenciarem as decisões de conteúdo digital além de suas próprias fronteiras”, sustenta a nota apresentada pelo TMTG sobre o processo.
Aberta em uma Corte da Flórida, a ação cita especificamente o caso do blogueiro Allan dos Santos, sem revelar diretamente o nome do brasileiro. O caso foi apontado como exemplo da tentativa de “censura” imposta por Moraes. “O indivíduo identificado nos autos como Dissidente Político A é um jornalista brasileiro que tem criticado o governo e o Judiciário, incluindo o ministro Moraes. Ele foi acusado no Brasil sob leis relacionadas à desinformação e ameaças às instituições democráticas, o que o levou a deixar o país”, afirma o documento.
“Suas ordens de censura seladas exigem que as empresas sediadas nos EUA removam as contas do dissidente político, embora ele resida legalmente nos Estados Unidos e não tenha violado nenhuma lei dos EUA. Isso levanta sérias preocupações sobre se um juiz estrangeiro pode obrigar as empresas americanas a impor ordens de censura que contradizem as proteções legais dos EUA”, aponta o comunicado.
O processo
Na ação contra Moraes, as empresas de Trump pedem à Justiça americana:
1. Declarar que as ordens de silêncio são inexequíveis nos Estados Unidos, assim como inconsistentes com a Primeira Emenda, a Lei de Decência, a lei da Flórida e as políticas públicas dos EUA e da Flórida.
2. Emitir julgamento a favor de Rumble e TMTG e contra Moraes sobre todas as causas de ação alegadas.
3. Conceder medida cautelar ao Rumble e TMTG, ordenando a execução das Ordens de Mordaça nos Estados Unidos.
4. Proibir Moraes de obrigar qualquer terceiro – como Apple, Google e quaisquer pessoas ou entidades agindo sob sua direção – a remover ou excluir, ou ameaçar remover ou excluir, o aplicativo Rumble ou quaisquer outros aplicativos de suas respectivas lojas de aplicativos nos Estados Unidos, na medida em que tal ação seja tomada em conformidade com ou com a finalidade de fazer cumprir ordens de mordaça.
5. Conceder outras medidas adicionais que o Tribunal considere justas e adequadas.
Metrópoles
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