Em marco histórico para a cidade de Ribeirão Cascalheira – MT, onde foi celebrado o primeiro casamento homoafetivo da cidade, no cartório do Ofício Único da cidade. A união de Sônia Maria Azevedo da Silva e Valnice Pereira Gomes, teve presença de convidados especiais, entre amigos e parentes. Depois da cerimônia, o clima foi de muita alegria e ambas exibiam com orgulho a certidão. O casamento das duas foi oficializado pelo juiz Wilian Souza Santo, Cartório 2º Ofício Pomagerski no município, com testemunhas, além de familiares e amigos.

Juntas há 19 anos, Valnice e Sonia realizaram um sonho antigo ao se casar no Balneário Tunicão. Felizes e rodeadas de amigos, elas trocaram as alianças e falaram sobre a importância daquele momento. "Estamos felizes para caramba realizando este sonho. Que a gente possa ser mais feliz do que a gente já é. Está sendo muito gostoso tudo que está acontecendo com a gente", afirmou Valnice.

Já Sonia, agradeceu a todos que estiveram presentes e também àqueles que, mesmo de longe, contribuíram para a felicidade do casal. “Foi maravilhoso. Não sabia que poderia contar com tantas pessoas que não vieram, mas me deram muito apoio. Estou muito feliz", classificou. Depois da cerimônia, as duas posaram para fotos com os convidados.

Trajadas com vestes de branco e bege, em meio a aplausos e ovações efusivas, Valnice e Sonia saíram da cerimônia civil que as tornou, oficialmente, casadas. Os padrinhos, a maioria heterossexuais, eram irmãos, primos, tios e amigos das noivas. “Ficamos admiradas com a aceitação que as pessoas tiveram em relação à nossa união. Tivemos o total apoio de amigos e familiares. Esperamos que com o primeiro casamento entre homossexuais na cidade e região, o preconceito diminua e sejamos reconhecidos por toda a sociedade”, declarou Sonia.

As cônjuges, Valnice e Sonia, se conheceram por telefone. Valnice residia na cidade de São Félix do Araguaia - MT e se mudou para Ribeirão Cascalheira para morar com Sonia. Para as duas, o casamento é uma forma de que seus direitos civis sejam reconhecidos. Além dos parentes e amigos, estiveram presentes na cerimônia um dos filhos de Sonia, ela possui um casal. O dia 25 de maio ficará guardado para sempre na memória de Sonia e Valnice e também da população cascalheirense. A partir de agora o véu da censura cai por terra. As duas terão a vários direitos antes reservados somente a casais heterossexuais, como adoção de crianças, pensão alimentícia, herança e planos de saúde. Para as noivas, o mais importante foi à aceitação dos amigos e das famílias.

Para as noivas, não tem palavras para expressar o quanto à amiga Neide Barbosa dos Santos foi muito importante e fundamental no casamento delas, desde o primeiro dia ate o momento da cerimônia, ela já se mostrou extremamente amiga. De acordo com elas, Neide foi surreal, incrível, absolutamente tudo para realização do casamento, verdadeira uma fada madrinha. Além de uma pessoa fantástica, não mediu esforços para que as coisas saiam conforme o planejado.

Resumo em dedicação e profissionalismo ficou por conta da decoração, absurdamente impecável e perfeito em cada detalhe, através da competência da decoradora Maria Lúcia Ribeiro Pinto e Diego Marques. “Fé não há palavras para agradecer o que fizeram conosco! Nossa eterna gratidão”.

Amigos e familiares acompanharam a cerimônia, que teve entre os convidados varias autoridades da cidade. “Começa a se quebrar um paradigma. O preconceito está na cabeça das pessoas. O que vale é a felicidade, o respeito. Elas [Sonia e Valnice] são muito corajosas de assumir essa união. Uma vitória depois de 19 anos de luta, elas conseguiram realizar esse sonho. Sinto-me muito honrada de poder ser amigas do casal”, declarou à amiga, Eu, Vanessa Lima.

A união estável homoafetiva foi reconhecida no Brasil em 5 de maio de 2011 pelo Supremo Tribunal Federal. O reconhecimento da união  entre as duas mulheres foi possível por conta da resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça. De acordo com o texto da resolução, é vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo. E acrescenta que, se houver recusa dos cartórios, será comunicado o juiz corregedor para "providências cabíveis".

Vanessa Lima/O Repórter do Araguaia