Três estudantes do curso de letras português-francês da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foram selecionados para um programa de ensino de língua portuguesa para franceses.

O programa, que é uma parceria da France Education International com a embaixada da França no Brasil, recebeu milhares de inscrições pelo país. Mas apenas 31 foram selecionados, sendo que três são de Mato Grosso, em 2024. 20 aprovados foram atribuídos para atuar na França, 9 na Guiana Francesa e 2 para a Martinica.

Um dos selecionados é o estudante mato-grossense Diego Gleydson Santos Silva, selecionado para atuar em Dijon, na França. Ele descreveu ao Midiajur que participar desse programa é a realização de um sonho.

“Desde que ingressei no curso de Letras Português e Francês na UFMT, em 2020, eu sonho com uma oportunidade de difundir meus conhecimentos na comunidade. O processo de seleção para esse programa foi bastante rigoroso e a entrevista toda realizada em francês, além do longo tempo de espera e ansiedade que o seguiu”, relatou.

Além dele, também foram selecionados os estudantes Raissa Carvalho Porto e Matheus Gomes Ferreira Santos. Raissa também irá para França, enquanto Matheus foi selecionado para atuar em um unidade educacional da Guiana. Ambos também são do curso de letras português-francês da UFMT.

O objetivo do programa é oferecer a oportunidade a estudantes brasileiros de aplicar conhecimentos da língua portuguesa em estabelecimentos de ensino na França e na Guiana.

Diego enfatiza que é uma grande realização representar a UFMT em um programa tão concorrido. Em conversa com o MidiaJur, o estudante conta que vem se preparando para o programa desde 2021, quando voltaram as aulas presenciais na UFMT depois da pandemia de coronavírus.

"Em novembro foi a inscrição com o dossiê e a documentação e, em janeiro, fui convocado para a segunda etapa, a entrevista. Nessa etapa, já fica bastante gente para trás. Foi muito satisfatório porque eu sabia que eu já estava um pouco mais a frente dos outros candidatos.

O processo para participar do Programa Assistentes Brasileiros de Língua Portuguesa na França teve início em novembro de 2023 e contou com diversas etapas- o preenchimento de um dossiê de inscrição, disponibilização da documentação exigida, como passaporte e histórico acadêmico, carta de motivação, certificados de participação e atuação na área, dentre outros.

Ao longo de quatro meses, os candidatos pré-selecionados passaram por diversas avaliações pela embaixada francesa, como análise documental, entrevista em língua francesa e avaliação do dossiê por parte das academias francesas.

O estudante contou que, em 1º de abril, recebeu um e-mail em que a France Education International e a embaixada da França divulgarem a quantidade de vagas. Devido ao atraso, o estudante afirmou que a aflição e a ansiedade estavam bem altas.

"No dia 17 de abril, saiu a lista principal e recebi um email dizendo que eu tinha passado. A partir daí, eu comecei a ficar mais tranquilo com relação ao processo, porque as próximas etapas eram só me organizar, arrecadar o dinheiro que precisa e avançar", contou.

Os candidados aprovados vão atuar em estabelecimentos escolares. Diego, por exemplo, irá ensinar língua portuguesa para alunos do ensino médio e superior. Eles ficarão nos países frances por um período de 7 meses - de 1° de outubro de 2024 a 30 de abril de 2025.

Eles também receberão uma bolsa de até 820 euros, mas que pode não cobrir todos os custos deles neste período. Questionado sobre moradia, Diego disse que ainda não tem certeza se terá que arcar com os custos a partir da bolsa que irá receber, ou se terá a disponibilidade de um alojamento.

"Dijon não tem assistente de língua portuguesa há muito tempo, pelo menos não brasileiros. Então, até o momento, eu sei que a minha academia - é como se fosse a secretaria de educação - é a Academia de Dijon, mas não sei quais escolas vão fazer parte da minha aceitação e se será disponibilizado alojamento. Caso não, eu terei que ir por conta, com a bolsa que eu vou receber", explicou.

É importante observar que os aprovados terão outra etapa bastante desafiadora: as despesas iniciais. Os custos relacionados à viagem, seguro internacional e o visto, que precisa ser retirado em Brasília, são de responsabilidade deles. É aconselhável que tenham pelo menos 1.000 euros (cerca de 5,5 mil reais) de reserva ao viajar para a França. Para isso, os alunos selecionados estão realizando Rifas e Vaquinha para angariar fundos e suprir essas despesas.

DA REDAÇÃO