Comandante da PM Ambiental é suspeito de usar viatura para assuntos pessoais
08/04/2024
Uma denúncia anônima encaminhada à Corregedoria da Polícia Militar alega que o comandante da 2ª Companhia Independente de Polícia Militar de Proteção Ambiental de Rondonópolis, Renato Carneiro Macedo, supostamente estaria utilizando, frequentemente, uma viatura policial para assuntos pessoais. O relato aponta ainda que o militar fazia uso de cartões de abastecimento de barcos de patrulha da PM para abastecer a caminhonete cedida pela prefeitura da cidade. O comandante nega as acusações.
Na denúncia, à qual o Midiajur teve acesso, é explicado que o referido veículo, se trata de uma caminhonete Mitsubishi Triton, branca, que está descaracterizada, ou seja, não possui os adesivos da PM. Conforme relatado, o veículo foi cedido pela Prefeitura de Rondonópolis para ser utilizado na patrulha ambiental.
Quanto às supostas irregularidades, é alegado que a caminhonete chegou na companhia com poucos quilômetros rodados e que, até o presente momento, não possui um cartão de abastecimento. Entretanto está com aproximadamente 4,5 mil quilômetros rodados, devido às saídas do comandante “para fins particulares”, chegando a levar multas por infrações de trânsito.
“As idas e vindas para a cidade de Cuiabá pelo comandante Renato são frequentes. Recentemente o comandante Renato fez esse deslocamento até Cuiabá, utilizando a referida caminhonete, para tratar de assuntos particulares, estando recebendo diárias de fiscalização em outra região”, diz trecho do relato encaminhado também à Ouvidoria da PM e ao Ministério Público Estadual.
Outro ponto denunciado é que o comandante estaria utilizando o cartão de abastecimento, fornecido pelo Governo do Estado, de patrulhas de barcos da PM. A denúncia afirma ainda que policiais da companhia vão até um posto de combustível que fica próximo ao batalhão e solicitam a conversão de gasolina em óleo diesel.
“Só referente ao mês de março essa prática de passar os cartões de gasolina e converter para óleo diesel deu ônus aos cofres do estado de aproximadamente mil reais, isso apenas para o Comandante Renato fazer seu deslocamento para Cuiabá com uma viatura que nem se quer era pra estar sendo usada para esses fins, por se tratar de um veículo cedido pela prefeitura de Rondonópolis para ajudar nas fiscalizações apenas nos âmbito municipal”, aponta a denúncia.
Ainda de acordo com a queixa, houve tentativa de adicionar a caminhonete à frota da PM, de modo que passasse a ser abastecida e mantida pelo Estado, mas que o comandante teria “se recusado a adesivar a viatura”.
O outro lado
Ao Modiajur o tenente-coronel Renato informou que, até o presente momento, não foi comunicado oficialmente sobre a denúncia e negou as alegações nela expostas.
O comandante afirmou que há uma parceria entre o batalhão e a Prefeitura de Rondonópolis desde o ano de 2016 e que há aproximadamente um ano houve a troca do veículo, onde foi devolvido uma caminhonete com mais de 100 mil quilômetros rodados em troca de uma nova, a Triton citada na denúncia anônima.
“Eu acabo fazendo uso frequente desse veículo, não para fins particulares, mas para as minhas atribuições enquanto comandante da unidade, até mesmo para não tirar um veículo caracterizado do serviço operacional”, afirmou o tenente.
Segundo o comandante, embora a companhia esteja sediada em Rondonópolis, a área de circunscrição contempla 23 municípios, logo ele faz uso do veículo para se deslocar em várias cidades, participando de solenidades, formaturas, reuniões com juízes, Ministério Público, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e o comando imediato que está sediado em Cuiabá.
“Diferente de quando estou junto da guarnição, porque estamos indo para uma operação. Aí eu faço uso dos veículos caracterizados que nós temos, que é aquela com camuflagem verde”, destacou.
Questionado sobre utilizar o cartão de abastecimento de embarcações da PM, o comandante disse que, devido à dinâmica do Estado, o cartão de abastecimento é personalizado para cada veículo, logo, segundo ele, cada veículo possui o seu devido cartão.
“O cartão de abastecimento para motor de barco é de gasolina. Então o cartão será utilizado para consumir, nos postos credenciados, a gasolina, ou seja, não tem como eu pegar um cartão que abastece gasolina e querer abastecer um veículo com óleo diesel, que é o combustível utilizado na caminhonete. Então, essa é uma informação discrepante da realidade”, afirmou.
O comandante exemplificou dizendo que o batalhão possui duas viaturas Renault Duster e para cada uma há um cartão de abastecimento personalizado e que a única diferença é que as embarcações estão vinculadas à numeração dos motores enquanto os veículos por meio das placas.
“No presente momento está faltando essa última etapa que é a confecção do cartão de abastecimento específico para esta viatura. Então, do meu uso, para as atribuições de comando ao qual eu exerço, eu mesmo faço o abastecimento por minha conta, sem previsão legal para estorno do valor”, disse o comandante.
Questionado se houve de fato uma recusa por parte do comandante em adesivar a viatura ele informou que, desde a sua chegada, há quase três anos, já havia esse convênio entre município e Estado que concedia um veículo, sendo que à época era uma caminhonete L200, branca e também descaracterizada.
Segundo o comandante, no ano de 2023, houve a substituição do veículo, sendo a nova caminhonete também descaracterizada. Na época, o comandante disse que no momento em que realizava o recebimento e encaminhava as documentações solicitou para que o veículo continuasse descaracterizado e não que havia recusado uma solicitação.
“Esse veículo não é direcionado ao uso operacional das ações da polícia ambiental, eu destino para as atribuições de comando. Essa é uma decisão minha, porque eu tenho um efetivo pequeno, com uma demanda grande, e para não retirar um outro policial pra me servir como motorista, eu faço o deslocamento sozinho”, disse.
Ele destacou que a decisão se baseia na norma de segurança da PM em que um policial militar é proibido de se deslocar sozinho em uma viatura caracterizada é obrigatório estar em, no mínimo, dois militares.
“Então, tendo a oportunidade do veículo estar descaracterizado é uma questão de segurança, da minha parte, porque sou eu que uso esse veículo com mais frequência, por isso solicitei a descaracterização”, concluiu.
O Midiajur entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar para saber sobre a denúncia junto a ouvidoria, mas não teve resposta até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto.
CECÍLIA NOBRE
Da Redação
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