A quarentena para prevenir a transmissão do novo coronavírus atinge também os profissionais da saúde. É o caso do cardiologista e geriatra José Bandeira, morador Tangará da Serra (239 km a médio-norte de Cuiabá). Nesse período em casa, ele decidiu ajudar quem precisa e passou a fazer orientações médicas pelo WhatsApp. Em 3 dias, mais de 500 pessoas procuraram ajuda.

"Sou uma pessoa idosa, de alto risco, sou diabético e estou em uma situação mais difícil que os outros. Em casa, notei que com os serviços públicos lotados, as pessoas tinham muitas dúvidas e precisavam de uma orientação", explica o médico, que enfatiza que não faz consultas, apenas orientações, conforme permitido pelo Conselho Federal de Medicina.

Ele afirma que as pessoas que o procuram são as mais carentes, que não têm condições de pagar uma consulta particular e que nesse momento de crise ficam ainda mais desamparadas, já que a prioridade são os casos suspeitos de coronavírus.

Reprodução/Facebook

"Vou orientando. A ficar em casa, em casos usar máscara e nos mais graves a procurar o serviço público. Mais a maioria é de pessoas com ansiedade, desesperadas, com depressão, que às vezes só precisam da palavra de um profissional para ficarem mais calmas", alega Bandeira.

A quantidade de notícias sobre a pandemia, muitas vezes acaba deixando as pessoas em desespero, situação que merece cuidado, alerta o cardiologista. “O medo está grande, tem gente entrando em crise. Pessoas que nunca tiveram hipertensão e agora a pressão está subindo. Eu ajudo com pequenas questões e as pessoas ficam mais tranquilas e seguras. Já ‘atendi’ pessoas até de Alta Floresta, que fica bem no norte do estado”.

O nordestino que mora há 26 anos em Tangará da Serra afirma que o objetivo da iniciativa é fazer uma corrente, para que cada um possa colaborar com a sociedade nesse período de crise. "Acredito que vamos vencer essa situação, mas precisamos nos unir. Estou fazendo a minha parte. Independente da profissão, todo mundo pode ajudar um pouco".

Thalyta Amaral