Líder de uma quadrilha que aplicou mais de R$ 1,5 milhão em golpes em idosos alegou à Justiça que tem dois filhos dependentes e que um deles passou a ter pensamentos suicidas desde sua prisão. Ele está detido desde agosto de 2024, quando foi deflagrada a Operação Antenados, e pediu novamente à Justiça sua soltura, apresentando esse novo argumento.

Mais de 30 idosos de baixa renda caíram no golpe, onde os criminosos abriam contas em bancos privados, pegavam empréstimos nos nomes das vítimas, que só descobriam o crime quando começavam os descontos nas aposentadorias. 

F.S.C. disse à Justiça que possui dois filhos, um deles com deficiência e que têm epilepsia, necessitando de cuidados diários. Afirmou ainda que este filho passou a ter mais crises após a sua prisão, além de apresentar pensamentos suicidas. 

Para o juiz Jean Bezerra, da 7ª Vara Criminal, o argumento não justifica a soltura. Isso porque quando F. foi preso declarou possuir um endereço diferente do filho, ou seja, não morava na mesma casa para exercer os cuidados 24 horas.

Além disso, mesmo que os crimes não tenham sido executados com violência, a periculosidade é alta. "(...) os elementos dos autos demonstram que os fatos criminosos continuaram a ser praticados até o ano de 2024, confirmando a necessidade da prisão preventiva como única forma de interromper a atuação da organização criminosa".

"Portanto, embora os crimes praticados não envolvam violência física ou grave ameaça, apresentam especial gravidade em razão do modus operandi adotado, da clara divisão de tarefas entre os membros da organização criminosa e do número significativo de vítimas. Trata-se de um esquema criminoso altamente organizado e com potencial para continuidade, caso não haja a interrupção drástica de sua atuação", consta ainda na decisão.

E ainda que a "lesividade das condutas é reforçada pela situação de extrema vulnerabilidade das vítimas idosas, que, sendo aposentados e pensionistas, foram induzidos em erro e tiveram seus benefícios previdenciários comprometidos por empréstimos fraudulentos. Esse cenário evidencia a audácia e a periculosidade social dos envolvidos, reforçando a necessidade imperiosa da manutenção da prisão preventiva para garantir a ordem pública e evitar novos prejuízos a outras vítimas em potencial".

THALYTA AMARAL