Em 2024, imagens do Pantanal Mato-Grossense chamaram a atenção pela devastação visível na região, centenas de árvores mortas, sem folhagem e com marcas esbranquiçadas, resultado do maior desmatamento já registrado no estado. A destruição de 80 mil hectares de vegetação ocorreu nas terras do pecuarista Claudecy Oliveira Lemes.

O criador de gado utilizou pulverização aérea de agrotóxicos, para “limpar” a área para o pasto, lançando toneladas de substâncias tóxicas sobre áreas de mata preservada. Foram empregados 25 tipos diferentes de agrotóxicos, entre os quais se destacam o 2,4-D, o Agente Laranja, substância que causa por seus efeitos ao meio ambiente e à saúde.

O desfolhante químico, altamente tóxico, ficou historicamente conhecido por seu uso pelos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã. As tropas estadunidenses utilizaram essa substância para destruir a vegetação da floresta, assim impedindo que os soldados vietnamitas se escondessem sob a densa cobertura vegetal.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT) multou o ruralista em R$ 2.891.716.627,50, a maior multa já registrada no estado. Entre 2021 e 2023, o empresário teria investido cerca de R$ 25 milhões na compra dos produtos químicos utilizados para o desmate.

Claudecy Lemes é proprietário de 12 imóveis rurais vizinhos, localizados em Barão de Melgaço, que somam 276.469,1168 hectares destinados a atividades agropecuárias. Desde 2019, ele recebeu 15 autuações por danos ambientais, teve cabeças de gado apreendidas para leilão e áreas embargadas.

Em novembro, a Vara Especializada do Meio Ambiente aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual, tornando-o réu por crime ambiental. Em agosto, o Ministério Público Federal (MPF) já havia aberto um inquérito civil para investigar os impactos socioambientais causados pela pulverização de agrotóxicos em grande quantidade.

ARIELLY BARTH
DA REDAÇÃO