“Vomitei fezes e hoje vivo presa a uma bolsa de colostomia” diz mulher que denuncia erro médico em Confresa
09/09/2024
Há sete meses a moradora de Confresa, Telma Liborio de 44 anos viu sua vida virar um pesadelo após passar por esterictomia total (cirurgia que consiste na retirada do útero e colo do útero) no Hospital Municipal.
A cirurgia foi indicada em função da paciente apresentar um sangramento intenso causado por um mioma. Depois do procedimento, ela sentiu muita dor, apresentou dificuldade para respirar e em pouco tempo começou a vomitar fezes.
Apesar do quadro difícil, o médico ginecologista responsável pelo procedimento não foi vê-la e teria pedido a outro profissional que lhe desse alta, justificando que os sintomas eram causados por excesso de gases.
Somente quando uma outra médica pediu uma tomografia para avaliar o quadro da paciente, constatou que o intestino de Telma foi perfurado durante a cirurgia. Uma corrida contra o tempo começou, a paciente foi submetida a uma cirurgia de emergência para salvar sua vida e precisou ser levada à Cuiabá. A paciente ficou 28 dias internada na capital, maior parte desse tempo em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
As sequelas do erro médico ainda acompanham Telma, ela já precisou usar duas bolsas de colostomia, hoje ainda segue utilizando uma. O que é bastante incômodo, já que devido a liberação involuntária de gases que causam barulho, sair em público, passear, ter momentos de lazer, são coisas que não fazem mais parte de seu cotidiano.
A paciente ainda apresentou um novo sangramento, e em um ultrassom foi constatado, que o colo do útero que era para ter sido removido na cirurgia, continuava lá. Por outro lado, também foi observado que ginecologista fechou completamente seu períneo, o que impede Telma de ter inclusive, momentos íntimos com o marido.
Para reverter os danos, a vítima terá que passar por várias cirurgias, começando pela reversão da colostomia. "Fisicamente, emocionalmente eu não estou preparada pra isso, não tenho condições nenhuma de fazer essas cirurgias e ainda estou lutando para fazer a mais importante nesse momento, que é a da colostomia", ressalta.
Além das consequências físicas e emocionais, diversas idas a médicos em função de mal-estar, a família passou por impactos na vida financeira. Para custear o tratamento, foi necessário vender alguns bens, como uma motocicleta, um carro e até mesmo móveis da casa.
Para Telma o mais dolorido de toda a situação, é não poder cuidar da neta de 1 ano e quatro meses. Devida a sua condição, ela não pode nem mesmo pegar a criança no colo.
A paciente explica que em nenhum momento recebeu apoio da direção do Hospital ou da Secretaria de Saúde de Confresa. "Me mandaram vir para minha casa, para morrer... se tivesse acontecido de ter falecido, eles poderiam alegar que eu teria pego uma infecção e teria sido muito simples", desabafa.
Telma já registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil por negligência e agora deseja que o médico seja responsabilidade pelo seu erro. "É muito difícil quando você tem sua vida normal e de repente tudo acaba e a pessoa não admiti seu erro e fingir que nada aconteceu. Eu não quero que as pessoas passem pelo que eu estou passando, porque é muito difícil", conclui.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Em relação aos fatos mencionados envolvendo a paciente citada, o Governo de Confresa, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, esclarece que prima pela qualidade e segurança de todos os procedimentos realizados.
Atualmente, o Hospital de Confresa é uma referência regional no atendimento de média e alta complexidade, contando com profissionais certificados e devidamente regularizados junto ao Conselho Regional de Medicina.
A unidade realiza um volume significativo de procedimentos cirúrgicos, com uma elevada taxa de resolutividade
No que diz respeito ao caso específico, assim que tomamos conhecimento dos fatos, iniciamos um procedimento para apurar, identificar e punir eventuais responsabilidades.
Reafirmamos nosso compromisso contínuo com a prestação de um serviço de saúde de qualidade, responsável e seguro.
Leandro Kervalt / Top FM
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