Em entrevista ao "Jornal do Meio Dia" da TV Vila Real, o deputado estadual Gilberto Cattani (PL) detalhou o assassinato de sua filha, Raquel Cattani, de 26 anos. Descreveu que seu ex-genro, Romero Xavier Mengarde, apontado como mentor intelectual do crime, era considerado como um "quarto filho".

"Geralmente quem te trai é o seu amigo, aquele como Judas que molhou com Jesus o pão no molho. Então, o sentimento que eu tenho é um sentimento de tristeza profunda, de revolta. Eu tinha esse camarada como meu quarto filho, porque era o esposo da minha filha, era o pai dos meus netos, e com certeza nós o tratávamos muito bem", afirmou o deputado, destacando que desde que o corpo da filha foi encontrado, desconfiava de um possível envolvimento de Romero, mas ele tinha um álibi para não estar na cena do crime e prefereiu esperar as investigações policiais.

Além disso, o parlamentar suspeita que os R$ 4 mil que o ex-genro repassou ao irmão, Rodrigo Xavier Mengarde, para executar o assassinato tenha 'saído de seu bolso'. Isso porque, o parlamentar efetuou um pagamento ao ex-genro por um serviço prestado.

"Eu tinha um acerto pra fazer com ele em dinheiro, e eu fiz no mesmo dia. E esse acerto era um acerto de R$ 4 mil de uma cerca que ele tinha feito pra mim. Depois eu soube pela polícia que o acerto com o irmão dele era de R$ 4 mil, ou seja, pegou o meu dinheiro pra mandar encomendar o assassinato da minha filha", explicou o deputado.

Sobre o fato de ter hospedado o ex-genro na sua casa após a morte da filha, o parlamentar frisou que precisou usar 'paciência e sabedoria', pois o objetivo era de que se, com o avanço das investigações, ele tivesse envolvimento comprovado, estaria por perto para poder ser preso. "Então, foram quatro dias aí do maior sofrimento que um ser humano pode passar, mas sempre na esperança de que nós poderíamos chegar ao autor. Quando chegássemos, se era ele, ele estaria seguro para poder cumprir tudo aquilo que a justiça determina a quem faz esse tipo de coisa, que é muito pouco", assinalou.

INDICIAMENTO

A Polícia Civil indiciou os irmãos Romero e Rodrigo Xavier Mengarde como mandante e executor, respectivamente, pelo crime, foi concluído. O inquérito, conduzido por meio da Seção Especializada de Defesa da Mulher de Nova Mutum, foi encaminhado nessa segunda-feira (5.) ao Ministério Público e Poder Judiciário Estadual.

Os dois irmãos responderão por homicídio triplamente qualificado (feminicídio, promessa de recompensa, e emboscada com recurso que dificultou a defesa da vítima). Rodrigo ainda foi indiciado pelo crime de furto, pois subtraiu da residência de Raquel Cattani diversos pertences, entre objetos de uso pessoal e um celular.

Ambos seguem presos preventivamente em unidade do Sistema Penitenciário Estadual.

Raquel Cattani, de 26 anos, foi encontrada morta dentro de sua residência no assentamento Pontal do Marape, em Nova Mutum, na manhã de 19 de julho. O corpo apresentava inúmeras lesões causadas por arma branca.

GIOVANNA BAIOCCO
Especial para o Midiajur