Ex-prefeitos opinam sobre pontos nevrálgicos da Cuiabá de hoje
09/04/2021
e Cidade Verde à capital do agronegócio, Cuiabá chega aos seus 302 anos em pleno desenvolvimento, enfrentando problemas antigos e crônicos que atingem o nosso povo, que permanece com suas tradições e prinicipalmente com o seu jeito simples, hospitaleiro e esperançoso de que dias melhores virão.
Até os dias de hoje, a capital mato-grossense teve 40 prefeitos, que de certa forma contribuíram com o crescimento da cidade, entre erros e acertos. Sejam eles eleitos por votação direta ou indireta, nomeados diretamente pelo governo central ou que eram vice-prefeitos e que assumiram o cargo de prefeito, deixaram a sua marca na história na terra de Manoel de Barros, Liu Arruda, Dom Aquino Corrêa e Maria Taquara.
O GD conversou com alguns destes ex-prefeitos sobre a necessidade de políticas públicas para algumas áreas do nosso município.
Confira os principais trechos:
Olhando hoje para Cuiabá, o que o senhor faria de diferente em sua gestão?
Rodrigues Palmas - Eu faria tudo de novo o que eu fiz. É claro que naquela época Cuiabá tinha apenas 100 mil habitantes, mas repetiria as políticas, obras e ações que fiz.
Anildo de Barros - Eu tentaria concluir o planejamento urbano que eu fiz para evitar o crescimento espontâneo da cidade. Cuiabá abriu muitos bairros distantes do centro urbano e isso dificulta que o serviço público chegue de maneira eficaz. Então, eu faria isso, não deixaria esse crescimento sem planejamento que ocorreu.
Roberto França - Eu não mudaria nada. Continuaria investindo no social, porque isso representa investir no ser humano principilmente a família mais carente.
Wilson Santos - O que faria de diferente é não deixar a prefeitura como fiz em março de 2010. Foi um grande erro de avaliação política. Mas também investiria em mais parceria com a sociedade civil e o 3º setor.
Mauro Mendes - Com as possibilidades que tínhamos na época, confio que dei o meu melhor, junto com toda a equipe de secretários e servidores, pois não é possível fazer nada sozinho. Então, não mudaria em nada o que fiz.
O que faria para melhorar o desempenho econômico de Cuiabá?
Rodrigues Palmas - É uma situação complicada porque Mato Grosso cresceu muito por conta do agronegócio. Então tentaria trazer as indústrias do agronegócio para ocupar a nossa cidade e idustrializar a nossa matéria prima. Mas a grande funcão de Cuiabá sempre será administrar. É ser uma grande prestadora de serviços.
Anildo de Barros - É sem dúvidas incentivar a indústria, principalmente às ligadas ao agronegócio se instalarem aqui. Outra questão é a energia elétrica. Nós temos a energia elétrica mais cara do mundo. É preciso diminuir o imposto para atrair mais investimentos.
Roberto França - É preciso fazer um perfil socioeconômico de Cuiabá. O último foi na minha gestão em 2004. Então é preciso ter um perfil para avaliarmos onde é preciso investir, com planejamento.
Wilson Santos - Melhoria a relação com o governo do Estado. Porque o principal imposto é o ICMS. Então, faria uma relação mais unificada com o Estado, um grande programa de incentivo fiscais por cadeia produtiva.
Mauro Mendes - Mais importante do que aquilo que faríamos, é aquilo que já estamos fazendo como governador. Com o programa Mais MT, colocamos na rua centenas de obras em todas as áreas, boa parte delas na Baixada Cuiabana. São ações que geram emprego, aumentam o consumo de bens e serviços e trazem qualidade de vida à população. Também fazem com que haja incremento na arrecadação de Estado e prefeitura que, consequentemente, podem equilibrar suas finanças e melhorarem seu desempenho se souberem fazer gestão.
O que fazer para a habitação da capital?
Rodrigues Palma - É preciso criar parceria com os governos federal e estadual para aproveitar os programas de habitação. Hoje esses programas estão parados. Mas é preciso retomar, porque Cuiabá sozinha não conseguirá expandir nessa área.
Anildo de Barros - Nós voltamos a ficar carentes dos grandes programas de habitação. No governo Lula houve um 'boom' neste setor. Mas esses programas têm que ter a participação do Estado para funcionar. E hoje infelizmente vemos o programa habitacional tímido do Estado.
Roberto França - Trabalhar em parceria com o governo federal como o Minha Casa, Minha Vida. A prefeitura entraria com a infraestrutura o governo federal com o capital. Há uma carência ainda de 30 mil habitação em Cuiabá. Somente a prefeitura não tem condições.
Wilson Santos - Em nossa gestão conseguimos fazer uma grande programa de regularização fundiária com quase 15 mil títulos. Implementamos alguns condomínios habitacionais em parceria com o governo federal. Mas hoje é preciso também um programa de cesta básica de materiais de construção, um programa de lotes urbanizados e a volta dos mutirões de construção de casa.
Mauro Mendes - Por meio da Secretaria de Infraestrutura, o governo do Estado ajudou na construção das casas populares do Residencial Nico Baracat. Também entregamos mais de 900 títulos de regularização fundiária para famílias da Capital nesses dois anos e estamos com muitos outros para entregar. O MT Par também está com chamamento público para as prefeituras que quiserem fazer parcerias para a construção de casas populares. Essa cooperação já acontece com 25 municípios e estamos abertos a estender a outras prefeituras que tiverem interesse.
O que fazer para melhorar a mobilidade urbana?
Rodrigues Palma - A mobilidade é um problema sério em Cuiabá porque a cidade foi construída sem planejamento. E não adianta falar que vai duplicar, porque não consegue desapropriar algumas regiões. Então o certo é continuar construíndo grandes avenidas fora do centro urbano, até para desafogar o centro. E assim vai se resolvendo. Por outro lado tem o transporte público, que não se pode estatizar, porque o custo é alto, e terceirizar como é hoje, corre o risco do monopólio. Então é préciso aumentar a concorrência.
Anildo de Barros - Temos que criar novas rodovias, rodoanéis e duplicar algumas pistas. E tem que por fim a essa piada que virou VLT versus BRT. Quando se escolheu pelo BRT, eu apoiei porque era mais adequado. Porém, os políticos resolveram mudar para o VLT. Então tem que concluir porque já se gastou R$ 1 bilhão. E o BRT dificilmente sai. Primeiro porque essas empresas vão judicializar e não vão devolver recursos. E outra é que o prefeito de Cuiabá não quer o BRT. Então o governador está sonhando. Acho que quer empurrar com a barriga até o final do seu mandato.
Roberto França - Nós teriamos que fazer um novo código de postura, estabelecendo uma nova legislação para ver o que é possível construir e não construir. Abrir novas avenidas e definir logo se será o VLT ou BRT para saber o que fazer em termos de mobilidade urbana.
Wilson Santos - Construção de novas avenidas como a avenida das Torres, alargamento de avenidas e ruas. Implantar um sistema semafórico inteligente e o BRT junto com o governo do Estado. Depois, focar na qualidade do transporte público.
Mauro Mendes - Já estamos fazendo. Apenas aguardamos o aval do Ministério do Desenvolvimento Regional para implantar o VLP (Veículo Leve sobre Pneus) em Cuiabá e Várzea Grande, que é um modal moderno, movido a baterias recarregáveis, não poluente, que permite flexibilidade de rotas e terá uma tarifa viável para a população.
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