Um grupo de mulheres feministas e de apoiadores do deputado estadual Gilberto Cattani (PL) protestam contra e em apoio, respectivamente, ao parlamentar, que comparou mulheres com as vacas na sede da Assembleia Legislativa. O ato ocorre na manhã desta quarta-feira (7).

As mulheres começaram seu protesto na entrada da Assembleia, em frente a fonte, chamando a atenção de quem chegava à sede do legislativo.

Elas seguravam cartazes com mensagens de que "feministas não são vacas" e lembrando que uma mulher é estuprada a cada dois minutos no Brasil.

Segundo Patricia Souza, umas das líderes do movimento feminino chamado "Mulheres Existem", é inadmissível o uso do dinheiro e da máquina pública da Assembleia para proferir ofensas e apoiar projetos que retirem os direitos das mulheres.

"Mato Grosso é um dos estados que há anos está entre os cinco maiores em taxas de violência contras as mulheres e feminicídio. Quando se naturaliza uma fala como a do Cattani, estamos entranhando na cultura mato-grossense a misoginia, o machismo, a violência contras as mulheres. Essas falas tendem a se expressar a curto, médio e longo prazo com violências físicas e é isso que denunciamos", pontua.

Patricia também pede o afastamento de Cattani da presidência da Comissão de Direitos Humanos e das Mulheres.

"É inadmissível que uma pessoa que ofende  as mulheres e trabalha contra as mulheres esteja a frente de uma comissão tão importante", protesta.

Apoiadores de Cattani fazem manifestação de apoio

Para fazer a linha de frente de defesa de Cattani, apoiadores do deputado também foram às galerias da AL, na manhã desta quarta.

Entre os participantes está o presidente da Aprosoja Brasil, Antonio Galvan (Republicanos), que concorreu ao Senado nas últimas eleições.

Os apoiadores cantam o hino nacional e seguram cartazes demonstrando apoio ao parlamentar. Nenhum deles quis falar com a imprensa.

Deputado é alvo de Comissão da Ética

Cattani vai ser alvo de um processo na Comissão de Ética, dentro da Assembleia, a pedido da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT) e da Defensoria Pública.  O órgão, no entanto, ainda não foi montado para averiguar o requerimento.

Cattani pode ser enquadrado em quebra de decoro parlamentar após comparar mulheres com vacas e gravar vídeos zombando da repercussão negativa sobre o caso. Em outra ocasião, o deputado também afirmou que a sua esposa gosta de "mugir" para ele.

Abordado pela imprensa na última semana, enquanto se dirigia para o Plenário da Assembleia, Cattani fugiu da imprensa e deu apenas um  bom dia para os jornalistas, evitando a antessala da presidência e o salão negro negro, onde ficam os profissionais de comunicação para entrevistar os deputados.

Além da solicitação de afastamento, a OAB realizou pedidos de afastamento de Cattani da presidência da Comissão de Direitos Humanos da ALMT. O pedido foi protocolado no Ministério Público e na Assembleia Legislativa para que ambos os órgãos adotem as devidas providências.

ALLAN PEREIRA E MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação