Deputados negam desgaste com vice e ficam receosos em destinação de emendas
Parlamentares defendem que vice-governador apenas cumpriu com obrigação institucional e criticam vazamento e repercussão sobre o caso
Depois de circular nos bastidores e na mídia a informação de que a denúncia encaminhada à Controladoria Geral do Estado (CGE) sobre o uso de emendas parlamentares teria partido do vice-governador Otaviano Pivetta, deputados estaduais de Mato Grosso minimizaram, nesta quarta-feira (2), o possível desgaste político do vice, que é pré-candidato ao governo em 2026. A representação aponta supostas irregularidades na destinação de emendas, que teriam beneficiado empresas ligadas a pessoas próximas de parlamentares.
Entre os deputados, prevalece a avaliação de que Pivetta apenas cumpriu obrigação institucional ao encaminhar a denúncia recebida e que o problema maior foi a condução do caso depois disso. O deputado Gilberto Cattani (PL) saiu em defesa do vice e destacou que ele agiu corretamente ao repassar a denúncia.
“Eu não entendo que tenha alguma culpa do Pivetta. Ele é um gestor público, a denúncia chegou até ele, e ele tem a obrigação de passar adiante. O que está errado é o vazamento depois disso, e como foram conduzidas essas questões onde colocam os deputados como já investigados ou criminosos. O povo de Mato Grosso hoje vê os 14 deputados como ladrões, isso que ficou ruim e que nós temos que combater", disse.
O episódio também instaurou um clima de receio entre os parlamentares quanto à destinação de novas emendas parlamentares. Parte dos deputados teme implicações jurídicas futuras e já cogita reduzir ou até suspender o envio de recursos. Cattani admitiu que compartilha da preocupação. “Estamos aqui pra fazer legislação em favor do povo mato-grossense. Essas questões das emendas são muito delicadas e nós precisamos de segurança jurídica pra isso. Não é crível que um deputado destine uma emenda, alguém vá lá na frente faça alguma coisa errada e o deputado pague por isso”, afirmou.
O deputado Carlos Avallone (PSDB) também evitou direcionar críticas a Pivetta, mas cobrou mais diálogo. “Ele precisa conversar mais. Não significa que se a Assembleia estiver contra ele, ele não tem viabilidade no governo. Não tenho problema de relacionamento, tenho problema em resolver a situação em que fui envolvido, e o governo tem participação porque todo lugar onde deu problema é do governo: seja a Decor, a CGE, a SEAF... Esse assunto precisa ser melhor esclarecido”, declarou.
Avallone, inclusive, está entre os 14 deputados estaduais citados na denúncia que veio a público, em reportagem publicada inicialmente pelo portal UOL. Segundo a publicação, ele teria destinado cerca de R$ 10 milhões em emendas, o que gerou forte repercussão nacional e colocou os parlamentares e o governo estadual sob pressão para esclarecer o episódio.
Já o deputado Max Russi (PSB) afirmou manter uma relação tranquila com o vice-governador. Para ele, qualquer agente público que recebe uma denúncia é obrigado a encaminhá-la. Russi ponderou ainda que não vê esse episódio como fator determinante para prejudicar ou fortalecer a pré-candidatura de Pivetta em 2026. “O que foi errado foi a condução desse processo pra frente. Eu não acho que isso é algo que atrapalhe ou beneficie o Pivetta. Tá colocado na mesa e cada um faz sua análise. Eu, particularmente, não posso falar nada porque não fui citado em nada”, completou.
Apesar da repercussão política, a Controladoria Geral do Estado nega que tenha aberto investigação formal contra os deputados estaduais. O órgão confirmou que recebeu a denúncia, mas informou que sua atuação se limita a apurar eventuais irregularidades na execução dos serviços contratados pelo governo, e não sobre a conduta dos parlamentares na destinação das emendas. A Assembleia Legislativa também não instaurou nenhum procedimento interno sobre o caso até o momento.
GIOVANA GIRALDELLI
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