Confronto entre PM e índios tem tiros e feridos durante protesto por água em aldeias VEJA VÍDEO
28/11/2024
Sem acordo com a comunidade indígena, o governo de Mato Grosso do Sul mandou o Batalhão de Choque da Polícia Militar acabar com os bloqueios de estradas iniciados há dois dias em Dourados-MS, a 251 km de Campo Grande. Moradores protestam contra a falta de água nas Aldeias Bororó e Jaguapiru. Houve confronto, disparos e feridos.
Vídeos gravados pelos moradores e enviados ao Campo Grande News mostram policiais do Batalhão de Choque com escudos e enfileirados na estrada de acesso ao Hospital da Missão Evangélica Caiuá, também bloqueada desde segunda-feira.
Lideranças do movimento informaram à reportagem que os policiais também estão na MS-156, entre Dourados e Itaporã, onde três pontos de bloqueio foram montados.“Essa estrada é dentro da nossa aldeia, vocês não podem estar aqui”, protestam os moradores nos vídeos. “Tem parente ferido com tiro de bala de borracha. Tem muita gente presa”, informou outro morador.
Os vídeos mostram policiais derrubando um homem no chão. Uma mulher tenta intervir e tiros são disparados (veja abaixo). A comunidade protesta afirmando que a ação ocorreu dentro das aldeias e não apenas na rodovia estadual.
A ação do Batalhão de Choque ocorre menos de 20 horas após fracassar tentativa de acordo para o fim dos protestos. Ontem (26) à tarde, a Secretaria Estadual de Cidadania mandou documento oficial se comprometendo a perfurar dois poços na reserva com verba de R$ 250 mil, já garantida.
Lideranças das aldeias aceitaram a proposta, mas a comunidade decidiu manter os bloqueios alegando que o valor seria insuficiente. Eles também exigem início imediato da perfuração dos poços.
A Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública informou que a ação do Batalhão de Choque é para desobstrução das vias, “para garantir o direito constitucional de ir e vir de todos”. Segundo a Sejusp, há preso por desacato, desobediência e agressão aos policiais e um trator apreendido.
O governo do Estado se manifestou em nota sobre a confusão. "A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, esgotadas todas as vias de negociação, e para garantir os direitos constitucionais, agiu na manhã desta quarta-feira para desobstruir as rodovias estaduais que estavam bloqueadas. Com apoio do Corpo de Bombeiros Militar e de equipes da Agesul, removeram entulhos e apagaram focos de incêndios nas pistas", diz.
Acrescentou ainda que "a liberação da via ocorreu sem maiores alterações. As forças de segurança manterão efetivo para garantir paz em todo território sul-mato-grossense. O governo estadual reforça seu compromisso com a transparência, refutando iniciativas político-eleitoreiras, e age em prol de um caminho de diálogo e respeito".
Sesai – Em nota enviada pela assessoria de comunicação do Ministério da Saúde, a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) e o Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) em Mato Grosso do Sul informaram que mantêm contrato para a distribuição de mais de 70 mil litros de água potável por semana via caminhões-pipa e articulam com a Prefeitura de Itaporã o fornecimento de 100 mil litros de água por dia, sendo 50 mil destinados a Jaguapiru e 50 mil a Bororó.
“Além disso, estão em andamento a perfuração de dois novos poços, um em cada aldeia, em parceria com a Prefeitura de Dourados e a Secretaria Estadual de Cidadania, com previsão de conclusão em até 40 dias”, informam.
A Sesai informou que também negocia solução conjunta com a Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, com o Governo de Mato Grosso do Sul e a Sanesul. A proposta inclui a extensão da rede de abastecimento que atende a região urbana de Dourados e a formalização de convênios para operação e manutenção do sistema, visando soluções estruturais e de longo prazo.
“Embora as comunidades já contem com 14 sistemas simplificados de abastecimento de água, esses não atendem plenamente à demanda local devido aos altos índices de desperdício e uso inadequado da água tratada. As ações emergenciais realizadas têm o objetivo de minimizar os impactos imediatos enquanto soluções definitivas estão sendo implementadas”, afirma o Ministério da Saúde.
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