Português (Brasil)

"Um grande egoísmo”, diz pesquisadora sobre notícias falsas divulgadas por movimento antivacina em MT

"Um grande egoísmo”, diz pesquisadora sobre notícias falsas divulgadas por movimento antivacina em MT

Uma das estratégias dos negacionistas é utilizar a morte de celebridades, afirmando que elas morreram após tomarem uma dose da vacina.

Compartilhe este conteúdo:

Nos últimos anos, o movimento antivacina deu um salto, em especial durante a pandemia do Covid-19, o que tem refletido negativamente em nossa sociedade já que doenças que haviam sido erradicadas retornaram, além de um grande número de pessoas que desenvolveram morbidades ou acabaram mortas, devido a não vacinação. Em Mato Grosso, grupos de chats do Telegram são exemplos de plataformas de utilizadas para disseminar a desinformação.  

Um dos grupos da plataforma, o “MT-Brasil, Pátria, Família e Liberdade” composto por quase 200 membros é repleto de fake news, que são compartilhadas dentro da comunidade e sendo disseminadas para outros grupos, em outras redes. Os assuntos discutidos são os mais variados, mas o que se destaca são as inverdades relacionadas a vacinação, com alegações que já foram refutadas por especialistas da área da saúde.  

Entre as diversas alegações, constam links para matérias onde pseudo-especialistas falam sobre o surgimento do Covid-19 e seu imunizante, afirmando que ambos foram criados na década de 90, como uma arma biológica e que a empresa farmacêutica, Pfizer, estaria por trás disso.  

Há também aqueles que compartilham vídeos ou imagens de pessoas acamadas, onde afirmam que estão gravemente doentes devido a vacina. Em um dos casos foi compartilhado o vídeo de uma família, onde os integrantes estavam com as pernas inchadas e a pessoa que realizava a filmagem falava que sua mãe e seus dois irmãos desenvolveram trombose logo após tomarem a terceira dose da vacina contra o Covid-19.

O vídeo é acompanhado no grupo acompanhado do seguinte texto: “Família inteira sequelada pela vacina. Outra cena do cotidiano hoje em dia; eu mesmo conheço vários exemplos. Creio que a esta altura não há ninguém mais que não tenha um ou vários parentes mortos ou sequelados pela vacina. O mais recente censo populacional já mostra milhões de pessoas a menos no brasil”.  

Print, Grupo, Antivacina, Telegram, Mato Grosso

Outra estratégia dos negacionistas é utilizar a morte de celebridades afirmando que elas morreram após a aplicação da vacina. Uma das pessoas utilizadas nessas fake news foi a cantora Rita Lee, que morreu no ano de 2023, aos 75 anos, vítima de câncer no pulmão. Na publicação, os antivacinas compartilharam um vídeo cuja legenda era: “A relação entre a vacina da Covid-19 e o câncer de Rita Lee”.  

Print, Grupo, Antivacina, Telegram, Mato Grosso

No Telegram há diversos outros grupos com a mesma linha e de diferentes regiões do país como o "Diga não a picada", com mais de 1500 membros e o "Virumania" com mais de 10 mil participantes. O grupo “Médicos pela vida”, por exemplo foi suspenso em 2023, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por seu envolvimento em atos antidemocráticos no 8 de janeiro. A comunidade era conhecida pela divulgação de fake news contra prevenção da Covid-19 e defendia os tratamentos precoces do “kit Covid” compostos pelos medicamentos: hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e corticosteroides sistêmicos, que tiveram a ineficácia comprovada.  

Pesquisadores estudam sobre o negacionismo

Os negacionistas da vacina estão presentes de forma contínua nas redes sociais divulgando seus posicionamentos radicais e sem consenso científico, prejudicando o processo de imunização

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), afirmam que os grupos antivacina existem desde a época em que o imunizante foi criado, em meados de 1800.  

Para eles, o fato de a sociedade ter receios e dúvidas quanto a vacinação acaba por alimentar esses grupos negacionistas e que o governo tem uma parcela de culpa, devido à forma como realiza suas divulgações voltadas a área da saúde. “Nesse contexto, o movimento antivacina é amplamente favorecido e se sustenta na falta de confiança das pessoas e na ineficiência do modelo de divulgação de informações adotado pelos órgãos de saúde responsáveis pela imunização”, diz trecho da pesquisa.   

Os autores afirmam também que o combate ao Covid-19 teve grandes dificuldades devido ao negacionismo científico e a divulgação de notícias falsas sobre a pandemia, fazendo com que a população demonstrasse resistência em cumprir as medidas protetivas e a imunização.  

“Os negacionistas da vacina estão presentes de forma contínua nas redes sociais divulgando seus posicionamentos radicais e sem consenso científico, prejudicando o processo de imunização”, destacam.

Virologista reforça importância da imunização

Para Ana Cláudia Pereira Terças Trettel, professora, pesquisadora e virologista da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e da UFMT, os riscos da não vacinação é a reemergência, voltando a acontecer casos de doenças que que estavam erradicadas ou controladas com a vacinação.

“Toda vez que temos uma ‘arma’ pra se defender de uma determinada doença e a gente deixa de utilizá-la, mesmo sendo acessível e gratuita, voltamos a ter essas doenças e grandes casos de morbidade, comprometendo a qualidade de vida e também levando a mortalidade, porque essas doenças que tem vacina, mas as pessoas não tomam, podem levar ao óbito”, relatou.    

De acordo com a virologista, as pessoas mais afetadas são as que possuem o sistema imunológico mais frágil como crianças, idosos, gestantes e pessoas que tem doenças que deprimem, ou seja, que deixam o sistema imunológico mais fraco e mais frágil. A pesquisadora apontou ainda que pessoas que possuem esse sistema imunológico frágil, mesmo tomando a vacina, não conseguem produzir as “armas” necessárias para matar aquele microrganismo.

“Então, acaba sendo um grande egoísmo quando a gente deixa de tomar vacinas, que já existem e têm a eficácia comprovada, expondo não só a nós mesmos, mas todas as pessoas do nosso entorno, principalmente as mais vulneráveis, imunologicamente falando”, destacou.  

Sobre as fake news, a pesquisadora disse que as vacinas não seriam autorizadas e comercializadas no mundo se tivesse as inverdades alegas pelos negacionistas, em sua composição. 

“A primeira coisa que conseguimos observar nessa fake news é que eles divulgam informações de supostos profissionais da saúde. A maioria deles nem são profissionais da área e os que são, não possuem o registro em seu conselho de classe, ou tendem para um lado político e são financiados para falarem aquelas inverdades”, afirmou a pesquisadora que destacou o fato de que a ciência é capaz de refutar todas essas inverdades.  

 

 

CECÍLIA NOBRE
Da Redação

Compartilhe este conteúdo:

  Seja o primeiro a comentar!

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Envie seu comentário preenchendo os campos abaixo

Nome
E-mail
Localização
Comentário

Banner Superior Esquerda

Banner Central Esquerda

Banner Inferior Esquerda

 

 
 

 

 

COLUNAS E OPINIÃO

Blog do Samy Dana

Colunista O Repórter do Araguaia

Gerson Camarotti

Colunista O Repórter do Araguaia

 

VÍDEOS

 

Acesse nosso Canal no Youtube

NOSSOS PARCEIROS