Enfermeira é presa em flagrante por furto de testes e equipamentos da Santa Casa
12/04/2021
Uma enfermeira (não identificada pela polícia) foi presa pelo crime de peculato, na madrugada deste domingo (11), após ser flagrada com diversos kits utilizados para testagem da Covid-19 (a doença causada pelo coronavírus) e também materiais de acesso venoso e nasal de uso estritamente médico-hospitalar do Hospital Estadual Santa Casa, em Cuiabá.
A equipe plantonista da Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP) recebeu uma denúncia e seguiu, na noite de sábado, até o hospital para checar as informações sobre uma servidora da unidade que estaria furtando testes de covid.
Na presença de uma recepcionista e outros pessoas que estavam no local, os investigadores revistaram a bolsa da profissional e encontraram diversos instrumentos e medicamentos utilizados para o teste de Covid dentro de uma sacola plástica preta.
Com ela, estavam 25 cotonetes dentro de um envelope plástico lacrado, um frasco de reagente, 25 frascos para pipetagem, dois equipos macro gotas, dois equipos dupla via, quatro cateteres nasais tipo óculos de oxigênio e vários cateteres intravenosos de marcas diversas.
Os investigadores foram informados de que nenhum servidor do hospital tem autorização para retirar medicamentos ou instrumentos hospitalares da unidade.
A profissional foi encaminhada para a DHPP e alegou desconhecimento sobre a maioria dos objetos encontrados em sua bolsa. A exceção foi para os cateteres nasais, que disse ter o costume de “manter em sua bolsa” para atender emergência de estabilização. Porém, em depoimento, ela respondeu que eram seus e que os utilizava em plantões particulares.
Um profissional de enfermagem, ouvido na delegacia, confirmou que todos os materiais encontrados com a enfermeira são de propriedade do hospital e que os códigos que constam são de controle interno da farmácia da unidade, como forma de saber em que está sendo utilizado.
Ele informou ainda que a profissional detida tinha a função da triagem dos pacientes, o que não abrangia a realização de testes covid, que é realizada por enfermeiros próprios da unidade hospitalar e destacou que nenhum servidor do hospital tem autorização para sair com medicamento ou instrumento de trabalho.
A diretora do hospital compareceu à DHPP e também atestou a propriedade do material encontrado como sendo da unidade e frisou que os equipamentos de acesso venoso e nasal são de aquisição e uso estritamente médico hospitalar.
Outras informações coletadas pelos investigadores foram obtidas em conversa de aplicativo de mensagem do celular da enfermeira, que foi acessado pelos policiais com o consentimento formal dela e de seu advogado.
Em um trecho de conversa entre ela e um médico para acertar o valor de uma visita, a enfermeira pergunta se será necessário levar os materiais ou o paciente já tem, pois caso tenha que levar, o valor cobrado será maior. “Vai ter que cobrar R$ 300 pois o material é muito caro e não consegue achar”, diz trecho do diálogo, conforme consta no auto da prisão em flagrante.
Na mesma conversa, a enfermeira avisa ao médico que, se ele precisar de qualquer material, “é só ele avisar que ela consegue também, pois quem não tem conhecimento hospitalar, pra comprar é complicado.”
Flagrante por peculato
O delegado Caio Fernando Albuquerque, que atendeu o flagrante, explica que mesmo sendo contratada da Santa Casa para exercer suas funções em unidade pública hospitalar, ela é equiparada a servidora pública, conforme previsto no Artigo 327 do Código Penal.
“Deparamos com a situação de uma servidora pública que, mesmo vendo diariamente toda a terrível situação a que passamos, agiu na contramão, objetivando interesses próprios e valendo-se das facilidades que seu emprego proporciona. Apropriou-se de testes para constatação da covid e, mais, apropriou-se de equipamentos de uso exclusivo médico hospitala. Estes já deveras escassos por conta do incontrolável aumento da pandemia”, pontuou o delegado.
Com os elementos coletados, o delegado autuou a enfermeira em flagrante pelo crime de peculato (artigo 312 do CP) e encaminhou representação ao Poder Judiciário pela conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva. O auto de flagrante será remetido à 2ª Delegacia de Polícia de Cuiabá, que dará sequência à investigação.
A enfermeira foi encaminhada para audiência de custódia da Justiça. (Com Assessoria)
Da Redação
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